Monitorar animais com armadilhas fotográficas é sempre uma surpresa. Instalados por vários dias nas matas, os equipamentos com sensores e infravermelho registram toda a movimentação, noturna e diurna, e o resultado muitas vezes é um flagrante raro.

É o caso do vídeo de uma onça-parda predando um veado-catingueiro na área de reflorestamento da Usina Hidrelétrica Três Irmãos. “A onça-parda é uma espécie registrada com frequência, porém os flagrantes de comportamento, como a alimentação, são extremamente ricos para o estudo do felino”, explica Gustavo Gaspari.

O biólogo da Ambiens Soluções Ambientais, uma das empresas responsáveis pelo monitoramento das áreas de reflorestamento no entorno da represa, evidencia a importância dos registros fotográficos para o monitoramento da fauna, projeto comandado pela Tijoá Participações e Investimentos.

“Como são animais de hábito noturno e arredios, dificilmente são visualizados. As armadilhas fotográficas aumentam as chances de registrá-los e suas populações podem ser monitoradas de uma maneira mais eficaz”, explica o biólogo, que destaca a raridade do registro.

“Um felino de grande porte abatendo uma presa também nativa, diante de uma câmera, não é algo comum”


CARDÁPIO VARIADO

Não é difícil imaginar uma onça-parda caçando aves, répteis e roedores, mas quando a presa é do mesmo tamanho que o predador, a cena impressiona.


O veado-catingueiro, registrado no vídeo, chega a medir 105 centímetros de comprimento, o que torna a predação um desafio. Porém, essa dificuldade vale a pena! De acordo com o biólogo Gustavo Figueirôa a predação de animais de grande porte garante à onça-parda um banquete farto por alguns dias.

“No caso de presas grandes o felino abate o animal, leva-o para um lugar mais calmo, come e enterra a carcaça. Assim, ele tem alimento por alguns dias. Já quando preda espécies menores, geralmente comem tudo no mesmo dia e são obrigados a caçar mais vezes”, explica o biólogo, que ressalta a importância de um cardápio variado como o da onça-parda.

“A espécie está menos vulnerável que a onça-pintada, por exemplo, pelo fato de ser generalista quanto à alimentação. Elas comem de tudo, desde pequenos mamíferos, aves e lagartos até animais maiores como o veado-catingueiro”, completa.